Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

terça-feira, 30 de agosto de 2016

A TERAPEUTICA ROSACRUZ

O SOFRIMENTO

Por Mario Sales, FRC, SI



Olho para o lado e vejo um senhor de cabelos brancos aproximar-se da estação de atendimento da recepcionista daquela oficina autorizada, para tratar de detalhes sobre o seu carro. 
Sentado, aguardo a minha própria revisão.
Ele se volta e ao me ver se dirige amistosamente para mim: 
“- Dr. Mario! Prazer em vê-lo, acho que o Sr não está me reconhecendo. Sou o filho da Sóror Maria (nome fictício) .”
O impacto emocional foi rápido e forte.
Diante de mim está o mesmo homem, um advogado nos seus cinquenta anos, que conheci forte e jovial, cabelos pretos, poucos anos atrás. Está extremamente abatido, física e psicologicamente.
“-Eu estou passando por alguns problemas”, inicia ele a narrativa esclarecedora. “-Estou em tratamento de um câncer, já com lesões metastáticas”, diz ele.
Só aí percebo os esparadrapos em seu braço, na altura da veia mediana do cotovelo. “A quimioterapia é muito cansativa”, continua, “e o problema é que tenho uma filha pequena e minha esposa também está com câncer de mama em acompanhamento, e também meu pai. Quem cuida do tratamento e do suporte ao meu pai sou eu, pois sou filho único. Meu medo é que quando eu me for não tenha ninguém para cuidar da minha filha”, diz ele.
Ele não fala com rancor ou revolta. É uma narrativa quase didática, clara, descritiva.
Embora eu seja médico, aquilo me afetou. Pensei sobre os desdobramentos da vida da família daquela nobre rosacruz que conheci e respeitei e com a qual dividi, eventualmente, a administração do nosso capítulo na cidade.
Era uma boa irmã, acredito que leal aos princípios que norteiam ou devem nortear o comportamento de todos os rosacruzes. Mesmo assim, após sua transição, também consequência do hábito do fumo, contemplo sua família se desintegrando aos poucos, como um papel que queima aos poucos.
Tudo é ilusão e nossa vida física é finita, sim, teoricamente eu sei de tudo isso, mas se não vivêssemos como se eternos fôssemos, não haveria graça na existência. Nossa ilusão de permanência nos faz viver como se este fosse nosso único e último corpo. Por isso atravessar situações assim é tão difícil.
Quanto às dores da existência, aos sofrimentos inerentes à condição humana, estes devem ser administrados, com serenidade, já que não podem ser evitados por iniciados ou não iniciados.
São uma espécie de preço a pagar pela participação neste drama, nesta encenação.
Não, preço não, verdadeiramente são parte do script deste drama, pensando melhor.
Da mesma maneira como nos comportamos, entretanto, como se fossemos permanentes e não finitos no corpo, aceitamos como verdadeiras as dores que nos atingem, talvez porque se não tivermos algum envolvimento emocional com os acontecimentos que nos atingem não viveremos as transformações psicológicas inerentes aos mesmos, que ao fim e ao cabo são a sua finalidade.
Esteja na categoria de bom ou mal, cada acontecimento, é minha crença, tem uma finalidade e um significado na montagem de um mosaico, que ao final e apenas ao final tornar-se-á uma imagem clara.
Apenas saber essas coisas, entretanto, não nos garante a serenidade necessária para atravessar estas intempéries, estas inevitáveis intercorrências do viver.
A filiação à uma ordem esotérica qualquer também não nos protege, magicamente, como alguns supõem, de problemas, nem nos cerca com uma redoma protetora, como possa parecer à mentalidades mais simples.
Estamos expostos a todas as coisas que todas as pessoas estão, sejamos ou não iniciados.
Espera-se, mas não é garantido, que nosso comportamento diante dos problemas da existência seja mais tranquilo e sereno, e que as emoções não nos devastem, e que nosso medo não nos domine, seja na vigência, seja na iminência de dor ou sofrimento intenso.
Que sentido tem o que está acontecendo com a família desta minha querida e saudosa sóror? Não tenho a menor ideia. Só que todo este quadro me comoveu. Vi na narrativa a demonstração prática da finitude humana e da irrelevância de nossas convicções diante de situações irreversíveis, como uma doença terminal.
Escrever sobre essas situações, aqui, me enche de misericórdia e tristeza por essa família. 
Vivenciar este drama como parte ativa dele deve ser, por sua vez, um sofrimento e uma angústia muito maior.
E o sentido destes acontecimentos continuará oculto no coração daqueles que atravessam o problema.
Só eles poderão dizer o que significará para cada um essa inexorabilidade dos fatos, esta iminência de destruição e morte que os ronda.
Nós que contemplamos tudo como espectadores só podemos pedir a Deus que lhes dê serenidade suficiente para também olharem para esta situação como expectadores, para desfrutar da experiência em detalhes e atingir a compreensão do que deve ser compreendido nesta circunstância, como de resto em qualquer evento da vida humana. Tudo é didático, tudo tem uma função.
Não posso crer em sofrimento sem razão ou objetivo, embora seja assim que tudo pareça ser aos que não compartilham destas crenças.
Não sei também se este sofrimento nos fortalece. 
Só o que sei é o que disse um colega psiquiatra em um curso do qual participei: viver dói.
E só a capacidade de atravessar a dor com equanimidade e equilíbrio nos garante capacidade de olhar para os acontecimentos com a distancia psicológica necessária a diminuir ao máximo a dor associada.
Isso se chama em psiquiatria resiliência, a capacidade de suportar os problemas com fleugma, elegância e dignidade.
Esta era a postura de uma antiga escola filosófica grega, os Estoicos.
Místicos deveriam ter sempre um comportamento estoico diante da dor, mas nem sempre é possível.
Antes de Místicos somos seres humanos, capazes de nos compadecer ou nos exaltar. Talvez nenhum conhecimento seja tão fundamental a vida como o treino de nossas mentes, não de nossos corpos, para poder atravessar a existência com paz e equilíbrio, sem romantismo, sem ilusões. Técnicas da Yoga e do Budismo são muito úteis neste particular.
Talvez devêssemos todos estudá-las, independente de sermos ou não adeptos destas linhas de pensamento. Pelo menos pelo aspecto operacional, pois nada nos torna mais estoicos do que a serenidade budista do desapego a matéria, ou do treino para este desapego, ou a visão de distância da consciência dos acontecimentos que a mente percebe, a técnica de observar, indiferente, o que nos atinge, e em um nível mais profundo, observarmos-nos enquanto observamos nossa própria mente, o mais alto grau de meditação da Yoga.
São instrumentos poderosos de fortalecimento da resiliência.
O que precisamos senão isso? Sermos capazes de olhar nossos momentos bons e ruins com a mesma postura, sem nos deixar arrastar pelos afetos?
A mente é o campo de batalha verdadeiro, não o mundo.
E como qualquer batalha, seremos feridos, derrotados, ou venceremos, não existe meio termo.
Paramahansa Yogananda tem um texto em que descreve que Kuruksetra, a épica batalha do Bhagavad Gita, é a representação desta batalha diária que se trava em nossa própria mente.
Penso que é uma imagem correta. A serenidade e a imperturbabilidade são armas poderosas neste conflito.
Oxalá, sem perder a misericórdia pela dor de quem padece, possamos todos desenvolver esta fundamental habilidade.

domingo, 28 de agosto de 2016

CONEXÃO


“...e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”

Paulo Apóstolo, Epístola aos Gálatas 2:20



Embora seja um tema repetitivo nos meus ensaios, talvez porque seja incomodo e cíclico, a ausência de conexão é fator de angústia para mim.
De tempos em tempos a Voz Interna desaparece, cessa, embora eu não possa dizer silencia porque trata-se de uma voz sem som. É mais como uma sensação vaga de presença de algo inefável em mim, indescritível, mas que se faz notar mais pela sua ausência do que por sua presença.
Uma vez que se ausente, torno-me casca oca, uma Klipa Cabalística, sem vida, apenas andando pelas ruas ou dirigindo até o trabalho e voltando sem rumo ou vínculo psicológico com meus atos, um Golen temporário, aguardando o próximo sopro de vida.
E os dias correm inertes e insípidos, como se eu fosse um cadáver insepulto. Então, da mesma forma como desaparece, a presença retorna e eu me reconecto, e posso escrever, conversar, discutir assuntos como se meu coração súbito se aquecesse.
É muito estranho, mas é assim.
Alguns anos atrás, na Heptada Martinista Guarulhos, fui surpreendido por um discurso lido por nosso Mestre Provincial àquela época. Falava, quase num tom apaziguador, que a noção de Fé martinista não era igual a noção de Fé religiosa, de crença em algo não experimentado ou conhecido. 
Na verdade, associava o termo Fé ao conceito de Conexão, e não ao de crença. Para mim ficou naquela oportunidade a sensação de que minhas queixas sobre o Martinismo,(como apresentado no modelo da TOM, de Papus e Chaboseau, não configura complemento ao Rosacrucianismo, mas mesmo, em alguns momentos, lhe é antagônico), não eram só minhas. 
E que tantos outros rosacruzes sentiram o desconforto de serem expostos a conceitos como o de Fé, opostos à prática rosacruciana, mais semelhantes às religiões do que ao esoterismo, que as Ordens, tanto a Rosacruz quanto a Martinista, sentiram-se na obrigação de achar uma explicação atenuadora deste evidente conflito.
Rosacruzes não foram treinados para ter Fé, mas Conexão com o Altíssimo, que são, sim, conceitos diferentes. 
Aproximá-los é na verdade, uma elaborada construção retórica, de linguagem, mas um verdadeiro estelionato intelectual e espiritual. 
É óbvio que quem tem Fé acaba desenvolvendo Conexão com seu objeto de devoção, mas em momento algum a Conexão em si depende de uma Fé prévia. Aliás, no bom e velho discurso de Spencer Lewis, é a experiência que leva a Conexão, fortalecida pela Confiança desenvolvida por essa experimentação.
Por exemplo, pular em uma água fria em um dia quente a primeira vez é sempre um choque, mas à medida que os mergulhos se repetem, a sensação de medo do impacto térmico na água desaparece, torna-se familiar, previsível, por isso cada vez menos relevante. A experiência repetitiva de mergulhar nos torna íntimos das sensações decorrentes, conectados com a natureza das sensações corporais ligadas ao mergulho.
Conexão, pois, vem da experimentação, é uma experiência em si, e não uma crença.
Pode-se ter Fé em alguma coisa, mas não é necessário Fé em uma Conexão já manifesta, da mesma forma que não se discute sobre experiências consensuais, como a presença de pratos e talheres à mesa do almoço não precisa ser problematizada, já que é uma presença que todos os convivas desfrutam, não existindo pois necessidade de explicação intelectual ou Fé na existência dos talheres e dos pratos.
É na Ausência que o intelecto comparece.  
A fala só se manifesta na Ausência pois toda Presença verdadeira é emudecedora.
O que falar daquilo que tocamos? 
Para que descrever aquilo que sentimos? 
Não há necessidade.
Falar e descrever serve apenas para tentar informar a outros algo que não testemunharam como nós, mas sempre com as limitações que a linguagem encerra de não poder dizer com símbolos o que é imagem, tato, som.
A experiência de Deus ou como queiram chamar, em nós, é exatamente assim. Uma vez lá, mesmo indescritível, é perceptível, indubitável, e gera em nós a sensação de estarmos vivos, animados pelo seu hálito, o Aleph Divino.
Tosca e titubeante, a linguagem é um substituto do fato.
Fé é crença em algo que não se sente nem se vê; Conexão é um fato indubitável, que não carece de explicação, fato do qual desfrutamos ou não.
Misticismo não é uma prática de Fé, mas de Conexão, portanto. Lida com sensações e experiências internas, não com conceitos.
E cada um tem maneiras de descrever sua Conexão do seu modo, mas isto não tem a ver com a singularidade da experiência apenas, mas também e principalmente com as limitações da própria linguagem, seja no aspecto pessoal, do vocabulário disponível ao narrador, seja no aspecto geral, de limitação das palavras em si.
E com este texto, sinto, com grande alívio, minha Conexão, que havia me abandonado por todo o Sábado, voltar.
E isto me conforta.
Cada um expressa sua conexão de seu modo.
Eu me expresso escrevendo. 
É minha forma de dar testemunho desta inefável presença em mim. E se, como eu disse, a Presença é emudecedora, nada impede que nos aventuremos a tentar descrever, com limitações, o que em si é indescritível.
Que somos afinal, nesta vida, senão manifestações peculiares da mesma Presença?
Talvez seja este o sentido mais profundo da fala de Paulo em Gálatas 2:20 e possamos, sem prejuízo do sentido, mudar o texto de “...e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”, por “...e vivo, não mais eu, mas a Presença vive em mim...”.
É isso.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

CONVERSANDO COM MIGUEL



Por Mario Sales




“Mario, nunca te escrevi, sempre leio suas reflexões.
Parece que você pretende dar um cunho de cientificidade ao esoterismo o qual, para mim, não seja possível pois tratam-se de instâncias diferentes. ”
Meu caro Miguel, obrigado por suas ponderações. É um poderoso estímulo para este espaço quando posso ouvir o outro lado. Por isso, obrigado.

Quanto às suas colocações, vamos por partes.
Você diz acima que “sempre lê minhas reflexões”.
Portanto suponho que você leu um ensaio chamado “O Caminho e o caminhar”, publicado em 13 de julho deste ano, aonde se vê este trecho: “Como vocês sabem, eu costumo diferenciar o sentido das palavras misticismo, esoterismo e ocultismo, dando a primeira o significado de conjunto de práticas que visam o contato com o Deus de nossos corações; a segunda, o conjunto de práticas intelectuais, cercadas de segredo, ligadas a interpretação de textos e símbolos antigos; e, finalmente, a terceira, o significado de conjunto de práticas ligadas a tornar possível a intervenção no real, de modo incomum, seja no plano da terra (magia), seja no plano do céu (teurgia).”
Se leu, não atentou para o fato que em todo o ensaio “Para que serve o esoterismo”, o termo usado é Esoterismo e não Misticismo. Logo, quando você diz que “não seja possível (dar um cunho de cientificidade ao esoterismo) pois tratam-se de instâncias diferentes” você provavelmente refere-se ao Misticismo, segundo o meu critério, e não ao esoterismo.
O Misticismo sim trabalha em outro nível de interação com o real, sendo um caminho para dentro, pessoal, indemonstrável, invisível, insípido e inodoro, portanto fora dos interesses da ciência ortodoxa.
O Esoterismo, ao contrário, não é assim. Ele se baseia em uma série de informações e insinuações, dispostas em textos os mais variados, e que se pretende capaz de um diálogo com a ciência, seja no sentido de buscar um estatuto semelhante de validação, seja como antagonista intelectual e metodológico, propondo ter capacidade de apresentar resultados maiores e melhores para situações mundanas e cotidianas sem a necessidade do aparato científico contemporâneo. 
Basta ler a Doutrina Secreta, e aí principalmente a versão da Editora Pensamento, adulterada segundo informações dos próprios Teósofos por Anne Besant e Leadbeater, de modo mais significativo no volume três, (que quase enlouqueceu a mim e a Flavio) com um anexo maior que o próprio texto base do volume, em que os autores se esforçavam para se mostrarem capazes de demonstrar, através de informações ortodoxas da ciência, a veracidade das afirmações do texto blavatskiano.
Não Miguel, esoterismo, sempre segundo a maneira que entendo a palavra, não é misticismo.
O esoterismo é intensamente intelectual e descritivo, baseia-se em longos raciocínios e quer ter status de conhecimento de certeza, embora se recuse ao ritual mais importante de qualquer conhecimento deste gênero, que é a verificação empírica ou matemática.
Já o Misticismo, como você disse, está em um nível diferente e não pode ser comparado a ciência, sendo ambos talvez vetores de mesma direção, mas de sentidos opostos, um indo para fora, para o fenômeno, (a ciência) e outro indo para dentro, para o númeno, (o misticismo).
Portanto, ao contrário do que você diz, de que eu pretendo “...obter respostas objetivas para uma ordem de coisas que não passam pelo intelecto” gostaria de confirmar que sim, anseio por mais objetividade, mas do Esoterismo, que está, como demonstrei, historicamente no mesmo nível das chamadas Ciências Moles, as Ciências Humanas, e não do Misticismo, que é um saber de natureza diversa.
“Como entender algo que não passa pelo caminho das ditas verdades do ego? Esta possibilidade está muito longe da contemporaneidade, tão mesquinha, tão fracionada, tão individualista. Tão tola e crente no homem. ” 
Fica mais fácil agora esclarecer a você que em Esoterismo, (ao contrário do Misticismo, cujos  representantes mais importantes jamais deixaram textos ou livros para serem chamados de sagrados), seja o Esoterismo de Eliphas Levy, ou de Leadbeater, ou de Guenon, o que temos na verdade são monumentos ao ego de seus autores, os mesmos que compõem o grupo que eu chamo de “esoteristas literários”, que produzem compilações eruditas e que são, por isso, confundidos com grandes mestres espirituais.
Repito, os verdadeiros mestres espirituais não produziram literatura para consumo das massas e deram mais importância ao exemplo com suas vidas e suas palavras.
São os textos, e apenas os textos, que podem ser submetidos ao escrutínio dos intelectuais exegetas, dos interpretadores, os mesmos que cometem e cometerão equívocos de interpretação, pelos motivos mais variados, entre eles falta de estofo hermenêutico, a arte de contextualizar historicamente um texto, seja ele qual for. É neste esforço intelectual e não espiritual que se encaixa a sua ressalva de que: “...para agravar nossa capacidade interpretativa é que entre "nós" e as "verdades antigas" existe um século XIX (romântico) e XX , cheio de fantasias e espertalhões que lucraram com o discurso "a verdade é por aqui"...ou "ali"...ou "acolá.”
Concordo com você quanto ao fato de que “...temos que ter a capacidade de encarar também a possibilidade de que não existe nada além. Acho que a desilusão faz parte do caminho para se chegar a um fragmento da verdade. Portanto vejo como positiva sua inquietação. ”
Você diz também: “Não creio na existência de receita. Cada um parte de um ponto. Receita pronta e poderes psíquicos são para os fracos, pessoas possuidoras de egos enormes se debatendo em vã erudição. ”
Novamente aqui acho que se dá a mistura entre os critérios de Misticismo e Esoterismo. Como exemplo, usarei o sexto grau de templo da Ordem Rosacruz. Os conhecimentos deste grau se referem a técnica terapêutica rosacruz, que por sua vez, admite-se ser uma herança do conhecimento dos Essênios ou Terapeutas, uma nobre e antiga ordem do Oriente Médio, cujos conhecimentos foram absorvidos pelos rosacruzes na sua caminhada desde os templos do Egito.
Ali temos conhecimentos esotéricos, na forma de técnicas, receitas como você disse, de como tratar um sem número de afecções e moléstias de modo a complementar e não substituir a Medicina Contemporânea.
É um conhecimento organizado, com princípios claros, cujos resultados dependem de prática, da mesma forma que a mente pode ser melhorada quanto a sua capacidade pela “receita” da meditação, esta sim outra técnica aceita em muitos ambientes, sejam religiosos, esotéricos ou neurocientíficos. Um sem número de publicações atestam a eficácia desta receita de “silenciar a mente em períodos regulares e assim melhorar a mente e o corpo. Receita, no sentido de técnica para desencadear determinado efeito terapêutico ou psicológico, existem sim. Dentro do contexto esotérico.
Já no contexto do Misticismo não, pois ele é um caminho pessoal e solitário e como você disse, não tem receita. 
No Esoterismo são abundantes as receitas para isto ou para aquilo, principalmente no seu braço prático, o Ocultismo, que se dedica exclusivamente à receitas de como fazer coisas comuns de modo incomum.
Concordo com você quando diz que: “...se ficarmos no campo da exterioridade, se não acontecer a transcendência, as coisas perdem a significação, fica o sentimento de palhaços paramentados enlouquecidos pela falsa sensação de poder, o que não deixa de ser verdade. Acho até que muito da produção esotérica, ocultista, e seja lá todas estas coisas e outras tantas, são tentativas do Ocidente buscando explicar caminhos trilhados no Oriente pelos antigos na Cabalah, na Yoga, no Tao e na Alquimia. Explicações, em grande parte, confusas, grotescas e fragmentadas.”
No comentário seguinte (“...Um outro ponto, em meio a esta grande salada que estou dividindo com você, é que levo em consideração nossa presunção em pensarmos sermos hoje o ápice de todas as civilizações, quando na verdade nunca voamos tão baixo, como exemplo, vejo no passado a necessidade da criação da escrita não como um avanço, mas uma decadência na capacidade de compreensão entre os homens (vide os motivos da transição da tradição oral para escrita dos Vedas e da Torah entre outras), portanto a decadência de nossa espécie vem de longe.”), gostaria de fazer algumas considerações.
Ouço sempre este argumento de que nossa época é melhor ou pior que outras, que no passado havia menos ambiguidades, etc, etc, etc.
Acredito que este é um enfoque incompleto e parcial da evolução da nossa sociedade como espécie, baseado em uma compreensão linear da história. Neste tipo de compreensão linear, muito comum aos pensadores do século XIX, o que veio antes foi pior e o que virá depois será melhor por causa do chamado “progresso científico”. Estes critérios foram reavaliados no século passado e hoje são passíveis de um sem número de críticas possíveis. Veja, qualquer civilização é complexa e deve ser analisada sobre uma grande quantidade de parâmetros. Estes parâmetros podem ser divididos em principais e secundários.
No século XIX, na era pré positivista, ainda se achava que progresso era tecnologia e ciência e somente isso. A Europa branca era considerada modelo do mundo e tudo que fosse diferente era exótico ou inferior. Como você bem sabe, bárbaros eram os outros, fosse para os chineses, para os romanos ou para os gregos, bem como o foi para os europeus.
No século XXI já não se pensa assim. Aliás, em linha com sua crítica, se pensarmos avanço como acesso a informação e melhoria das condições gerais de saúde, sim estamos em uma época mais avançada; se por outro lado pensarmos em riqueza o mundo, independente dos bolsões de miséria conhecidos, não para de enriquecer fazem décadas; quanto ao avanço como melhoria do homem e da mulher como seres planetários, com maior consciência ecológica, graças em muito ao trabalho do Green Peace, também houve melhora, já que estamos mais focados, nós os contemporâneos em uma maior qualidade de vida e não necessariamente em riqueza material. Existem muitas pessoas marginalizadas na sociedade de consumo, os sem cartão de crédito, como diz Baumann, mas mesmo assim houve expansão da distribuição de bens, se bem que o mundo ainda tem uma divisão extremamente desigual entre suas diversas faixas de renda.
Mas se você se refere ao aspecto ético e espiritual, se você quer dizer que nossa época é moralmente pior que as anteriores, com certeza não podemos falar em progresso, mas em manutenção do status quo.
O ser humano ainda se desconhece e pouco se esforça para conseguir se conhecer melhor. 
A frase em Delfos em grego GNŌTHI SEAUTON ou em Latim “Nosce te ipsum”, Conhece a ti mesmo, ainda é um desafio permanente para esta sociedade pós psicanálise.
Ainda vivemos a ilusão dos países, das línguas, ainda não nos compreendemos como uma espécie planetária única, mas acredito que temos conseguido alguma evolução.
De qualquer forma são tempos mais elaborados sim, mas com menos ilusões, aonde não existe mais lugar para ideologias e onde o terrorismo passou a ser mais perigoso que a guerra entre as grandes potências, nosso receio de 50 anos atrás.
E quanto ao seu comentário: “sem ofender ...40 anos depois você ainda espera os ditos poderes psíquicos... leia Guenon (trecho do livro "Considerações sobre a iniciação", já não sou tão jovem para ter ambições tão infantis.
Quando falo que o esoterismo promete muito mais do que entrega, refiro-me ao fato de que, como comentei acima, aquele que deseja status de respeito científico deve submeter-se, humildemente, aos métodos de avaliação científicos, a verificação de suas premissas e de suas afirmações e ao critério de reprodutibilidade que orienta qualquer técnica científica. Era este modelo que a Ordem Rosacruz, sob a batuta de Spencer Lewis prometia aos seus membros. Como os alquimistas do século XX, os rosacruzes da Califórnia tinham laboratórios, um planetário, e procuravam mostrar seus princípios através de experimentos. Não eram apenas narradores ou escritores mas submetiam seus princípios a testes, no melhor comportamento científico experimental da época. As áreas de Misticismo e Esoterismo eram bem divididas. Haviam cerimonias iniciáticas e rituais, mas paralelo a isto havia um trabalho laboratorial que nas últimas décadas do século XX foi chefiado pelo Dr. George Buletza que publicava regularmente seus resultados de pesquisa na revista “O Rosacruz” dos Estados Unidos e era republicado em revistas semelhantes de todas as jurisdições do planeta.
De lá pra cá muita coisa mudou e a própria palavra “técnica” foi apagada dos textos rosacruzes. Houve uma mudança sutil com ênfase no aspecto Místico em detrimento do caráter experimental dentro da área esotérica, que tentava dar um caráter mais experimental ao trabalho de AMORC. Mais: o aspecto místico teve uma forte guinada para uma estratégia em muito semelhante à religiosa. Atribuo isto a um fortalecimento do braço martinista da Ordem, que como já demonstrei não é semelhante ao trabalho rosacruciano, já que segue os protocolos instituídos por Papus e Chaboseau, muito semelhantes formalmente mais ao Wilermosismo do que ao Martinismo propriamente dito. 
Expressões como , por exemplo, que eram entendidas como produto apenas de discursos religiosos, foram incorporadas ao vocabulário rosacruz, como se rosacrucianos fossem. Na verdade, Lewis ele mesmo repetidas vezes disse em artigos e em monografias que o conhecimento rosacruz jamais se basearia em Fé, mas na Confiança que advém da experimentação e verificação dos preceitos das monografias. 
A Ordem nos últimos anos parece mais uma religião do que uma Ordem Esotérica, e mais do que isto, parece muito mais com uma Ordem cristã do que outra coisa qualquer, e isso, já falei também, vai contra o espírito universalista que sempre guiou os trabalhos no século XX, com atenção igual ao pensamento judaico, islâmico, sufi ou budista.
Algo que foi nesta direção foram as visualizações do Sanctum Celestial que de um modelo de Catedral Gótica passou a ser flexibilizado na forma que melhor aprouver a linha de pensamento do rosacruz em questão.
Não quero dizer com isso que a Ordem não respeita e agrega valor com os ensinamentos cristãos, mas, ao mesmo tempo, a Ordem que Lewis, um cristão convicto, metodista, estabeleceu em 1915, era multicultural, a começar pela sua alegada origem Egípcia.
É contra esta sutil e preocupante mudança do ponto de vista de discurso e metodológico que eu me levanto.
E quando falava que “Minha sensação é de impaciência com a minha própria ignorância e com a ignorância que o segredo me obriga a aceitar como parte da minha vida esotérica” não falo de dons mais de informação, que dizem estar arquivada aqui e ali mas que nunca vem a luz. Falo das técnicas, das receitas sim, que podem ter impacto não na minha vida pessoal, mas na vida de muitas pessoas que precisam dessas informações para se recuperarem de problemas de saúde, os mais variados.
Eu falo como médico, como alguém que vê uma medicina avançada, mas ao mesmo tempo inviável pelos enormes custos e pela desorganização administrativa do nosso país. As técnicas do sexto grau são extremamente úteis, mas funcionam ainda como paliativos para situações não tão graves. Era disso que eu falava. Se o esoterismo tem alguma receita realmente eficaz contra a dor e o sofrimento que a mostre, que a compartilhe; senão que seja mais humilde e reconheça sua limitação ao que é, um conjunto de afirmações não demonstradas nem demonstráveis, baseado em crenças e não em fatos ou experimentos, como era o sonho de Spencer Lewis.
Quando você fala que: “ ...o mais importante, para (você), e o mais difícil para nossa época, é o curvar-se a um conhecimento eternamente desconhecido, a transcendência...” novamente você se refere ao aspecto Místico da existência, não ao Esotérico. E isto, se é difícil hoje, sempre o foi em todas as épocas, e não só na nossa.
Ao fim e ao cabo, corpo e espírito andam lado a lado e o que tem feito melhorar a espiritualidade na humanidade tem sido o aumento de sua cultura e de sua dignidade.
Livre das pestes que devastavam a humanidade, pulamos de um milhão e quinhentos mil para sete bilhões de corpos coabitando o mesmo planeta, ao mesmo tempo.
E mesmo considerando, como disse acima, a existência de bolsões de miséria e atraso no planeta, a sociedade prospera e o ser humano contemporâneo já não se satisfaz apenas com discursos e promessas. Ele quer fatos, resultados, fenômenos que manifestem o númeno, e que possam ser utilizados na melhoria da qualidade da sua vida e na vida dos seus familiares e amigos.
Todos nós rosacruzes nos curvamos à este conhecimento eternamente desconhecido, como você comentou. Só que ao mesmo tempo, exatamente, além de nos curvarmos ao eterno, queremos nos erguer com o temporal, nos ombros de nossos antecessores, fazendo valer nossa tradição e dando uma contribuição objetiva a melhoria do mundo em que vivemos. Não é possível que, se temos, como dizemos ter, não só nós, rosacruzes, mas todas as linhas esotéricas, um conhecimento realmente revolucionário para a vida de todas as pessoas, ele sirva apenas aos interesses de poucos e não de todos. 
Esse era o sonho de Lewis, de Comenius, e é o meu também.

Abraços

Mario

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

PARA QUE SERVE O ESOTERISMO?


Por Mario Sales, FRC,SI


“...deixe o Sol bater no meu rosto
(e as) Estrelas preencherem meus sonhos.
Sou um viajante de ambos, tempo e espaço
Para estar onde eu estive,
Para sentar com anciões da raça gentil
Que este mundo raramente viu;
Eles falam sobre os dias pelos quais eles sentam e esperam
Quando tudo será revelado

Trecho da letra de “Kashmir”, Led Zepelin


Minha ignorância inevitável sobre muitas coisas, embora não seja uma virtude, me absolve de ser incriminado por cometer enganos.
Portanto admito que posso estar errado em minha insatisfação; mesmo errado, o que não posso fazer é ignorá-la.
É por isso que me entristece que o esoterismo não seja como a ciência, e se tem, como diz ter, recursos mais avançados para fazer mais e melhor as mesmas coisas mundanas que a ciência faz, não reparta a informação com todos, de maneira clara e desinibida, como qualquer conhecimento científico não iniciático faz.
Ao contrário do esoterismo, que esconde no segredo suas alegadas capacidades, que raramente são demonstradas e que poucos testemunharam, cientistas compartilham não só suas descobertas, mas também a sua busca.
Tudo que a ciência descobre, desde antibióticos até a lâmpada elétrica ou de L.E.D., ela compartilha.
Nenhum cientista em sã consciência, se soubesse como curar a cegueira simplesmente misturando cuspe ao barro, jamais se negaria a dividir essa informação. E em sã consciência não a chamaria de milagre, mas de produto de um saber.
Quanto mais pessoas tem acesso a esta informação, maior o número de pessoas beneficiadas. Faz parte do trabalho científico ser algo compartilhado. Mais cabeças pensando sempre ajudam a acelerar a compreensão de problemas matemáticos ou cosmológicos que surgem das observações e do cálculo. E isto ao longo de séculos.
Não é possível entender o trabalho de Einstein sem a colaboração de Newton e James Maxwell. Ou o de Hawking sem Einstein. Trata-se não apenas de uma corrida de obstáculos, mas também de revezamento, onde um passa o bastão para o outro, até que o último consiga fazer a conclusão do circuito.
Esoteristas, eruditos do chamado conhecimento oculto, ao contrário, nada repartem daquilo que afirmam conhecer ou se o fazem, cercam esse compartilhamento de tantos mistérios e véus que acabam por prejudicar qualquer possibilidade de permitir que outros possam entender e conhecer também aquilo que afirmam conhecer. Leva-se tempo demais apenas para entender o querem dizer com suas afirmações confusas e obscuras.
Digo afirmam conhecer, e não que conhecem, porque tanto segredo às vezes nos causa a suspeita de que por trás desta cortina, como num truque barato de mágica, nunca houve nada escondido. Ou se um dia houve, hoje, como já a muito tempo, não existe mais.
E os esoteristas contemporâneos vivem e respiram lendas não confirmadas e declarações não comprovadas de fatos que nunca testemunharam, mas que “sentem” que são verdadeiros.
Vejam, quem está afirmando isso sou eu, um esoterista também, e não alguém de fora do ambiente iniciático.
O esoterismo é hoje, se é que já não era antes, uma espécie de religião, tão cheio de dogmas e cacoetes filosóficos quanto qualquer das muitas linhas religiosas no mundo. São rituais demais, palavras secretas demais, afirmações sem demonstração alguma demais, para se sustentar apenas na crença de alguns ingênuos defensores acríticos.
Já faz muito tempo que a inquisição ou mesmo o poder da Igreja acabou. Mesmo assim alguns se comportam como se houvesse alguma razão para manter este sigilo estupido e improdutivo, que mais serve para atrair pessoas crédulas para suas fileiras do que para gerar conhecimento. Já falei e repito: ninguém mais nos persegue, ninguém mais se interessa por nós, somos apenas um grupo curioso de crentes com suas peculiares praticas religiosas.
Não abandonei minha religião inicial para me tornar membro de outra; tornei-me um esoterista por acreditar no que Lewis garantia em seu discurso: junte-se aos rosacruzes e nós lhe revelaremos técnicas que lhe demonstrarão a exatidão de nossos ensinamentos. De lá para cá já se vão mais de 40 anos. Conheci algumas técnicas sensacionais, mas nem metade da expectativa que eu alimentava em meus primeiros anos. O mais importante: não conheci quase ninguém que dominasse quaisquer dessas técnicas de modo indiscutível e possível de demonstração.
São relatos e relatos, na maioria das vezes, apenas relatos, histórias de se ter feito isto e aquilo em circunstâncias muito particulares e muito pessoais, fora o caráter interpretativo de cada experiência pessoal, o qual enriquece a narrativa, seja ela qual for, com expressões como “tenho certeza que era isso” ou “senti naquele instante que era aquilo”.
Sinto falta de fatos e embora admire o Cristo continuo sem entender porque seus dons foram usados, mas não compartilhados, já que como todo rosacruz sei que dons especiais são produto do esforço, do estudo e do aprimoramento pessoal acessível a qualquer ser humano que possa ser adequadamente treinado.
Se ele sabia como curar doenças sem remédios, se sabia como curar leprosos sem remédios, se sabia como trazer de volta a lucidez doentes psiquiátricos considerados possuídos por demônios, não deu a qualquer de seus seguidores um programa de treinamento detalhado, pelo menos que eu saiba, capaz de ser estudado e garantisse a repetição dos mesmos feitos que foram, comodamente, classificados como irreprodutíveis, milagres, e nada mais.
Qualquer conhecimento fantasticamente avançado para sua época ou mesmo aqueles que são demasiado complexos na nossa época parecem para pessoas intelectualmente mais simples verdadeiros milagres quando, na verdade, são o produto de um saber, de um conhecimento, provavelmente compreensível por mentes elaboradas, se compartilhado.
Ao contrário, guarda-se segredo, alega-se repetidas vezes que a finalidade do segredo é proteger este conhecimento de um uso inadequado. 
Ora para que serve um conhecimento inútil, escondido? Para nada. Se existe uma Lei de Karma, qual seria a retribuição para pessoas que, tendo em seu poder a capacidade de aliviar o sofrimento de muitos, não compartilham essas informações, seja pelo motivo que for?
Quem disse que impedir o acesso a essas técnicas as tornam mais protegidas?
Das opções possíveis duas me passam pela cabeça: ou estes conhecimentos não são assim tão importantes, ou se um dia existiram, ninguém mais os possui e foram perdidos nas areias do tempo e do espaço.
Minha sensação é de impaciência com a minha própria ignorância e com a ignorância que o segredo me obriga a aceitar como parte da minha vida esotérica.
Eu vejo o sofrimento todos os dias e me indago quem foi que disse, fora Nietzsche, que a dor pode de alguma forma ajudar as pessoas. Este é um mundo apático, onde a dor e o sofrimento são apenas isso: dor e sofrimento, nunca ensinamento.
Mesmo esoteristas continuam a morrer das mesmas doenças que os não iniciados, a ter os mesmos problemas profissionais e de relacionamento afetivo que eles, não demonstrando na maioria das vezes, em suas vidas pessoais, nada de especial em relação aqueles que não conhecem este mundo de iniciações, máscaras e toques secretos que eu frequento a tantas décadas, aonde conheci centenas de pessoas comuns e limitadas como eu.
Acredito que já viajamos muito no tempo e no espaço e que hoje, não só estamos prontos, mas acima de tudo, necessitamos testemunhar algo mais concreto que este mundo esotérico insiste em dizer que tem a oferecer, porém jamais nos mostra.
Nós só nos tornaremos a “raça gentil” de que fala a canção se algum dia o conhecimento refinado de que o esoterismo fala em seus textos estiver a nossa disposição.
Quando o sol bate no meu rosto, sonho com o dia em que tudo será revelado, não apenas para mim, mas para todos aqueles que necessitam de alento, cura e conforto.
Neste dia saberei que não desperdicei 40 anos da minha vida acreditando em coisas inexistentes ou em declarações fantasiosas.
Se o esoterismo não serve para ajudar a melhorar a qualidade da vida das pessoas, para que servirá então?
Para que?  
Essa é minha angústia mais profunda.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

AS REVISÕES DO SEXTO GRAU

por Mario Sales, FRC


"Non nobis, Domine, non nobis, sed Nomini Tuo ad Gloriam"
("Não para nós, Senhor, não para nós, mas para Glória de Teu Nome")


Os encontros de estudos na Morada do Silêncio já se tornaram o ponto alto do meu período anual.
Sempre considero depois que acabam demasiado curtos para aproveitá-los, e em termos de trabalho demasiado longos, de forma que não consigo desfrutar deste local mágico que é a mansão e o retiro espiritual e intelectual dos rosacruzes no país.
Pena que não existam mais moradas, uma no Nordeste coo eu e Reginaldo chegamos a sonhar e outra em Portugal, de forma a receber nossos irmãos de Portugal e Espanha e, talvez , de África.
De qualquer forma, ao ver as fotos de cada encontro, sempre me emociono com a alegria genuína dos nossos fratres e sorores ao descobrirem que o paraíso é e sempre será uma condição externa, mas, neste lugar, aqui no meio da floresta , pode se exteriorizar e materializar e dele podemos desfrutar mesmo que por alguns dias.
As fotos não deixam dúvidas e as compartilho porque elas expressam mais do que as palavras, os benefícios desta afiliação. 
Deixo que vocês tirem suas próprias conclusões.